Os brasileiros honestos possuem mais um motivo para se preocupar: o cadastro positivo, que ameaça muitos consumidores que precisam de financiar suas compras. Ou será que veio para ajudar?

Antes de sair criticando ou vangloriando essa novidade, é fundamental entendermos como funciona.

O que é o Cadastro Positivo?

Sabe quando você deixa de pagar uma dívida e seu nome fica sujo? Isso significa que você foi listado em um banco de dados de maus pagadores que não honram o compromisso assumido.

Existem órgãos de restrição ao crédito, como o SPC e SERASA que podem manter seu nome nessa lista negativa por até cinco anos. E quando seu nome consta no cadastro negativo, será muito mais difícil ter crédito, seja pelo cheque especial, cartão de crédito, compras pré-datadas com boleto em lojas… mas inclusive pode afetar sua contratação em futuros empregos, pois basicamente você se torna uma bomba-relógio em termos financeiros.

Essa listagem tem sido útil para várias empresas e instituições financeiras. Afinal, o risco de dar crédito para alguém que consta no cadastro negativo é muito alto.

Mas e se você é um bom pagador? Não devia receber vantagens?

Tem gente mais cínica que costuma dizer que “só paga em dia quem é trouxa”. Será mesmo? No meu trabalho com o coaching financeiro A Classe Alta, tive clientes com crenças extremamente negativas e pessimistas a respeito do dinheiro e de como o mercado financeiro funciona.

Sabe aquela pessoa que não acredita em ninguém e acha que todo mundo está querendo o prejudicar? Esse tipo de perfil acaba se fechando para muitas oportunidades boas e, portanto, acaba com menos dinheiro. Geralmente é o tipo de pessoa que não tem a educação financeira para fazer boas escolhas e prefere deixar as suas economias na Caderneta de Poupança, apesar de não ser um bom investimento.

A verdade é que nos países com economias dinâmicas, existe uma competição grande entre os bancos, lojistas e financeiras. Eles ganham dinheiro ao emprestar para os consumidores.

E por isso existe a análise de risco:

O consumidor que apresenta um passado com atrasos em pagamentos deveria ser classificado de forma diferente de quem sempre paga em dia. Dessa forma, os bancos e comerciantes podem fazer melhores propostas para o cliente comprar.

Se quem vai emprestar dinheiro ou permitir o pagamento parcelado tem informações boas sobre o cliente, ele pode controlar melhor esse risco e, portanto, diminuir a margem de juros que são cobrados. Mais negócios são realizados e todo mundo fica feliz.

Por isso, o Cadastro Positivo vem como um belo complemento nesse sistema. De um lado, é importante ter um banco de dados que lista quem é caloteiro… mas de outro lado é também interessante ter uma lista de quem sempre paga em dia, pois esses são ótimos clientes e que poderiam ser cativados com melhores taxas. Nada mais justo.

Como o Cadastro Positivo funciona nos Estados Unidos

Nos EUA, existem dois componentes que ajudam os comerciantes e bancos a saber qual é a sua avaliação de crédito: o “credit score” e o “credit report”.

O Credit Score é uma pontuação (igual a um video-game) que varia entre 300 a 850, que representa o risco que a gente apresenta para quem vai emprestar dinheiro pra gente. Quanto maior a pontuação, melhor. E dependendo de certas ações, é possível melhorar os pontos… que se traduzem em melhor negociação na hora de compras, e muito dinheiro bem economizado. Para o cálculo do Credit Score existem vários elementos, como nosso salário e nossa idade.

E o Credit Report? Imagine que a gente vai fazer uma compra de alto valor, como a casa ou um carro. O Credit Report dá informações básicas para o comerciante, como nosso histórico de pagamentos e todas as atividades de crédito relevantes.

Para TODO americano, é essencial ter um ótimo Credit Report e Credit Score.

Isso mesmo. Sei que algumas pessoas estão lendo isso e pensando que “pedir empréstimos é coisa de pobre”. Não é. Para o jovem profissional que está bem colocado e tem responsabilidade financeira, o salário pode cobrir praticamente todas as despesas iniciais da vida.

Mas quando a gente vai amadurecendo, vão aparecendo planos como casamento e casa própria. E é muito difícil ter todo o dinheiro disponível para fazer esses pagamentos à vista. A regra geral é pagar com ajuda de financiamentos.

E pegar um financiamento de trinta anos para comprar a casa própria nos Estados Unidos com um baixo Credit Score e Credit Report desfavorável pode representar algo na faixa de cem mil dólares de diferença. A mesma casa, se for vendida para o americano que tomou cuidado em sempre manter um ótimo cadastro positivo, pode sair por um preço muito menor.

O Cadastro Positivo é essencial para grandes compras

Veja então que a gente não está falando de uma diferença de financiamento de zero vírgula alguns quebrados para comprar uma televisão, que vão resultar em dois ou três reais a mais ou a menos no preço.

A diferença no bolso é grande no caso das grandes compras da nossa vida: automóveis, imóveis e grandes despesas. Nesses casos, uma pequena variação na taxa de juros pode representar muito dinheiro.

Como fazer para melhorar nosso Cadastro Positivo

Se você leu com atenção toda a descrição acima, já deve ter se convencido que é muito importante fazer tudo o que está a seu alcance para ter o melhor histórico de crédito possível para aparecer bem na fita se alguém quiser levantar o seu perfil de crédito.

A primeira coisa a fazer é ter certeza de não entrar para um cadastro negativo. Mas apenas isso não basta. Nos Estados Unidos, que usamos como exemplo por ter um mercado de crédito bastante maduro, quem está atento sempre busca formas de melhorar o crédito e, portanto, ter mais vantagens nas grandes compras.

Lá, isso funciona de forma sensacional: qualquer americano pode entrar na Internet e puxar a sua pontuação de crédito. Aqui no Brasil, a gente ainda está engatinhando.

O Cadastro Positivo pode acabar não beneficiando o bom pagador brasileiro

Infelizmente o consumidor brasileiro ainda não conseguiu se articular politicamente para ter regras que lhe tragam vantagens.

Em teoria, o cadastro positivo deveria premiar os bons pagadores com os juros mais baixos do mercado. E isso tem acontecido em alguns casos, como o da empresa Omni, que oferece financiamento para automóveis, e pode dar até 20% para quem estiver com nome no Cadastro Positivo.

Por outro lado, a história já mostrou que nem sempre os mecanismos econômicos que funcionam bem no exterior acabam sendo bem implementados no Brasil.

Existem advogados especializados em direitos do consumidor que estão com medo de que ao invés de dar grandes benefícios para os bons pagadores, os bancos e financeiras usem e abusem de seu poder de barganha para manter os altos juros e penalizar todo mundo que não fizer parte do Cadastro Positivo.

Em outras palavras, tem pessimistas dizendo que “quem não tiver nome no Cadastro Positivo estará com a ficha suja”.

Será que esse medo procede? Será que poderia surgir uma presunção de que, quando a gente não tem nosso nome bem listado no Cadastro Positivo, então a gente poderia ser penalizado?

É bom ter cautela antes de enviar dados para o Cadastro Positivo

Existem opiniões de quem recomenda ter cautela, pois apesar da presidente Dilma Roussef ter aprovado a lei criando o Cadastro Positivo, até o momento de publicação deste artigo não existe a necessária regulamentação para sabermos todos os detalhes de como o Cadastro Positivo pode funcionar na prática.

Vamos lembrar que o cadastro é optativo e, nesse momento, podem acontecer alguns desníveis e ruídos de mercado, com alguns abusos acontecendo. Quem é mais conservador provavelmente vai preferir aguardar e ver o que acontece antes de sair aceitando propostas e enviando dados. O Cadastro Positivo não incluirá dados sensíveis como sobre a saúde, convicção política ou religiosa, mas certamente implica em aspectos de privacidade. É importante ver como as empresas vão utilizar esses dados e que tipo de transparência será oferecida.

Como fazer agora o Cadastro Positivo

Feitas todas as recomendações acima, fica a dica para quem não quer aguardar e aceita os riscos envolvidos em enviar seus dados agora para o Cadastro Positivo pode usar a Serasa Experian e preencher os dados.

Antes de sair fazendo isso às pressas, quero dar uma dica adicional que aprendi com meu amigo Conrado Navarro, a quem sempre recorro quando tenho dúvidas de finanças. Inclusive o Conrado Navarro é fundador do Dinheirama e consultor financeiro que oferece várias horas de tutoriais de identificação de perfil financeiro e dicas específicas para diferentes perfis, em vídeo, no nosso coaching financeiro A Classe Alta (os vídeos somente estão disponíveis em um site especial para os membros que pagaram pela matrícula no curso).

E a dica é a seguinte: qualquer banco de dados so tem utilidade quando é grande, abrangente. Na minha interpretação, existem poucos benefícios para os “early adopters” desse sistema, principalmente quando consideramos os riscos da coisa não ser implementada com seriedade e profissionalismo.

Vale a pena sempre ter as ideias deste artigo em mente caso você tenha que negociar uma grande compra. E perguntar se os vendedores e financeiras envolvidas oferecem algum benefício adicional para quem estiver no Cadastro Positivo. Caso encontre, como o exemplo da Omni que foi mencionado para automóveis, por favor compartilhe conosco nos comentários!

Seja o primeiro a saber de novidades no Cadastro Positivo

O site exclusivo de membros que mencionei é o curso A Classe Alta. Nele, temos centenas de participantes em todo o Brasil e exterior que estão muito atentos a novidades do Cadastro Positivo e também outros assuntos importantes que possuem impacto nas nossas economias e investimentos.

Como existe interação entre a nossa turma, todas as dicas valiosas são trocadas em primeira mão, junto com outras informações preciosas. Por isso é que costumo dizer que o valor cobrado pela participação no nosso curso e acesso aos vídeos do coaching financeiro é múltiplas vezes o preço que é cobrado. Para saber mais detalhes de nosso coaching no seu email, clique aqui.